NUNO JÚDICE
A VARANDA DE JULIETA
Uma vez, entrei em verona para
não entrar
em veneza. Entre o vê de
verona e o vê
de veneza optei por ver
verona. Gostei da
coincidência das consoantes na
janela
de julieta; e sei que em
veneza não ouviria
o vento da vingança, nem
provaria o veneno
de uma volúpia que só em
verona se
desvanece com a vida. Não há
canais em
verona, como em veneza; nem há
janelas
em veneza, como em verona; mas
julieta
espreita a rua, da janela que
é sua, e se
ninguém diz a senha que só ela
sabe, agita
o lenço molhado pelas lágrimas
que as
nuvens bebem, levando-as de
verona até
veneza, onde a chuva as deita
nos canais.
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